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Leia o relato completo de um trabalho de Constelação Familiar feito com cavalos

 

Por Alice Duarte

Fazer uma sessão de Constelação Familiar, seja pelo qual motivo que o levou a buscar ajuda terapêutica, requer não apenas disposição para lidar com eventuais dores emocionais profundamente enraizadas como também uma postura de entrega. Como demonstra o desenvolvedor da técnica, Bert Hellinger, é preciso confiar plenamente naquilo que se mostra através do campo mórfico, adotando uma postura fenomenológica, ou seja, observando e acolhendo a natureza dos fenômenos ali manifestados. Principalmente nas Novas Constelações e na Constelação com cavalos, nas quais quase nada é dito e menos ainda explicado. A solução não passa pela via racional, ela vem de um lugar muito mais profundo, chamado por Hellinger de “movimento do espírito”. Numa Constelação, portanto, não é imprescindível que se saiba o que, quem, como, quando e por que para que seus efeitos terapêuticos possam ser sentidos pelo cliente. Quando finalmente se abre mão das interrogações, muitas vezes a explicação chega, vinda de outro lugar, desse vazio, dessa outra consciência.

Numa sessão individual durante o I Workshop de Verão de Constelação e Coach Assistidos com Cavalos, conduzido por Claudia Vassão e Eliane Khun em janeiro deste ano, eu pude vivenciar e me aprofundar nessa postura de entrega e de confiança nesse algo maior. O tema da minha Constelação era uma enxaqueca que me acometia desde a tenra adolescência e, embora já não tivesse mais crises frequentes como no passado, ainda estavam lá me incapacitando de tempos em tempos, principalmente durante as variações hormonais do período pré-menstrual. Antes de mais nada, Cláudia me perguntou qual era o objetivo principal com esse trabalho: 1) Desvendar o que ocasionava essa doença; ou 2) Curar-me. Saber qual era a dinâmica por trás das crises seria bom, pensei, mas este somente seria o passo intermediário para o objetivo final. O que eu buscava ali era a cura.

2016-01-17-12.28.58Após fazer algumas perguntas para entender quando tudo começou e o padrão das minhas crises, ela me pediu para construir um lugar de cura com os materiais disponíveis na arena e escolher um cavalo para representar a minha doença. Minha missão era conduzir o animal até esse espaço. Utilizei bambus e bambolês para desenhar no chão da arena um triângulo com três arcos entrelaçados dentro. Depois, escolhi a égua marrom como representante da doença e caminhei até ela. Permaneci ali, olhando-a nos olhos, por alguns minutos. Subitamente comecei a sentir uma vontade incontrolável de chorar e, sem oferecer nenhuma resistência, deixei que as lágrimas rolassem no meu rosto. Não pude identificar de onde vinha aquele sentimento de tristeza e no que ele estava relacionado. Minha mente estava totalmente em branco naquele momento.

Em seguida, senti um impulso de me aproximar da égua e abraçá-la. Ela não manifestou nenhuma resistência ao meu gesto e ali, debruçada sobre ela, pude derramar mais um tanto de lágrimas. Senti naquele momento que ela representava alguém e não mais a minha enxaqueca. Depois eu tentei conduzi-la até o lugar de cura, utilizando uma corda em volta de seu pescoço. Ela deixou bem claro que se opunha a minha intenção e, no momento seguinte, afastou-se de mim, posicionando-se atrás da égua branca.
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Continuei olhando para aquela cena. Por ser também consteladora, sabia que o cavalo sempre mostra algo, geralmente onde está o problema. No entanto, a égua branca não atraiu o meu olhar, de início. Meu foco era todo para a marrom.  Cláudia veio até mim e me perguntou se eu tinha alguma ideia de quem ou o que representava a égua branca. E lhe disse que nada me vinha à cabeça, tampouco qualquer sentimento. Minha mente continuava uma página em branco. Depois dessa intervenção, passei a olhar apenas para a égua branca. Posicionei-me de frente para ela e comecei a notar em seu olhar e movimentos certo desconforto, diria até agressividade. Dei alguns passos em sua direção, mas ela sutilmente recuou. Senti no meu corpo a irritação dela naquele momento. Passei a olhar com amorosidade e gratidão para aquilo se manifestava através dela. Como gesto de boa vontade, estendi lentamente minha mão em direção ao seu focinho para que ela pudesse me cheirar. Suas narinas se abriram e ela inspirou mais forte e então eu finalmente pude tocá-la, agora sem que ela se agitasse.

Permaneci ali mais um tempo até que Claudia se aproximou novamente e perguntou o que tinha se passado comigo. Disse a ela que depois desses movimentos me sentia em paz, aliviada. Ela sugeriu que eu experimentasse caminhar até o espaço de cura que eu havia construído na arena. Eu entrei dentro do local delimitado e logo surgiu em mim a necessidade de caminhar em círculos e, com isso, aquela conhecida vontade de chorar. Continuei a andar ali dentro, deixando todo aquele sentimento se manifestar em mim.

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Aos poucos as lágrimas foram cessando e eu parei com os meus dois pés firmes no chão. Era perto do meio-dia e vestia um chapéu para me proteger daquele sol forte de verão. Subitamente comecei a sentir um frescor na minha cabeça, como se um ar fresco estivesse passando por dentro do meu chapéu. Senti bem estar e um alívio muito grande no meu corpo e disse para a Cláudia que para mim aquilo era o suficiente. Caminhei então até a entrada da arena e me sentei ao seu lado, sem perceber que, enquanto dei as costas para a cena, finalmente a égua marrom teve um movimento: saiu de trás da branca, deu a volta e se posicionou próxima a mim. Notei que ela ainda estava com a fita atada ao pescoço e fui até lá para removê-la.

O que, afinal, representava a égua branca? Por que aquele choro? Aquele sentimento era meu? Ou era adotado de alguém? Não busquei naquele momento e ainda não busco os porquês. O objetivo, afinal, não era entender e sim me curar. A única certeza que tive ao fim desse trabalho é que algo profundo foi acessado e liberado. Nos quatro dias que se seguiram senti muito sono durante todo o dia, a ponto de cochilar sentada na mesa de um restaurante após almoçar.

Na madrugada do quarto para o quinto dia eu tive um sonho inusitado. Sonhei que estava dentro de uma casa e lá encontrava aquela égua marrom. Eu a agradecia pelo serviço prestado durante a constelação e, algumas cenas mais tarde, notei que a égua estava na varanda da casa deitada num sofá – e meu pai diante dela. Perguntei o que ele fazia ali ajoelhado e ele respondeu que estava fazendo uma Constelação e que precisava olhar para alguém do nosso sistema familiar. Quando um representante deita numa Constelação, por vezes está representando um morto, alguém do sistema cuja morte não foi aceita ou reconhecida e por isso atua como um excluído. No sonho, assim como na Constelação, não me foi revelado quem aquele cavalo representava. O que importa, no fim das contas, é que tudo isso foi olhado, de alguma forma.

Numa avaliação, ainda preliminar, pude perceber que três ciclos e três variações hormonais depois eu tive apenas uma crise de enxaqueca, e esta veio mais fraca e foi embora mais rápido que o de costume.

 

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// @AliceDuarte

 

 

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